O trabalho nasce quando recebi uma série de cédulas antigas de cruzeiro, cruzados e cruzados novos, que pertenciam a um amigo que era acumulador (não só de dinheiro, mas de todo tipo de materiais como jornais, roupas, catálogos, potes…). A princípio uma das minhas preocupações, em relação as gerações recentes, era desconhecer os efeitos causados pela hiperinflação do passado. Por outro lado, os que a vivenciaram, hoje parecem demonstrar um certo esquecimento, uma despreocupação em manter vivo este aprendizado para as gerações atuais e futuras.
Foi pensando nisso que produzi um conjunto de trabalhos utilizando as cédulas e outros materiais, relacionados com as questões monetárias, como matérias primas.
A intenção da série Valores é de abordar a relação do valor monetário e sua capacidade de se transformar em bens materiais. Isto acontece quando uso as cédulas como suporte na fabricação de objetos de baixo valor (como uma pipa), ou na intervenção (a palavra NÃO) na própria cédula com o intuito de modificar o seu valor ou até acrescentando objetos ordinários (cofres, etiquetadeira de preços) que estão diretamente ligados ao valor do próprio dinheiro.
Assim, proponho ao observador uma reflexão sobre as possíveis relações entre valores, históricos e contemporâneos, através dos diferentes tipos de moedas e das relações entre os objetos e materiais apresentados nos trabalhos.