Código pode ser definido como uma combinação de símbolos ou signos que, dentro de um sistema estabelecido, adquire um determinado valor, mensagem ou representação, ou seja, um significado.

Em toda a história da humanidade, os códigos estiveram presentes, cada qual ao seu tempo, como por exemplo os hieróglifos egípcios. Desde então, a atualidade vem desenvolvendo desde os mais simples até os mais complexos tipos de códigos, para diversos usos, como código Morse, código de barras, código QR, entre outros.

Por outro lado, o avanço das tecnologias, bem como o surgimento de novas necessidades pela sociedade contemporânea, levou a difusão do virtual, seja ele espaço, pessoa, ação ou informação, passando a fazer parte do cotidiano da grande maioria da população mundial. A intervenção massiva das novas tecnologias fez surgir um novo desafio: entender o quanto este virtual nos coloca mais ou menos próximos da realidade. A exposição Códigos propõe, dessa forma, a inversão dos espaços real e virtual.

Geralmente, o espaço expositivo, o espaço real, apresenta objetos para serem contemplados, vistos. Nesta exposição, no entanto, o espaço real apresenta apenas os códigos em QR, ou seja, símbolos e seus significados. Já os objetos a serem expostos, neste caso os lugares, são deslocados para um ambiente virtual, onde o acesso é feito somente através de um leitor de código QR.

Sobre os códigos de barra e QR

O código de barras é a representação gráfica de uma sequência numérica utilizada para identificar um produto. Tanto a representação gráfica quanto a numérica possuem o mesmo valor. Esse conjunto numérico é único, ou seja, o mesmo código não pode ser aplicado a produtos diferentes.

O QR (do inglês Quick Response) é um código de barras bidimensional, que pode ser facilmente acessado através da maioria dos telefones celulares equipados com câmera. Inicialmente empregado para catalogar peças durante o processo de produção de veículos, atualmente ele tem sido utilizado de diversas formas, tais como gerenciamento de inventário, controle de estoque na indústria e comércio, além de ações de marketing e comunicação em revistas e propagandas, de maneira a registrar endereços e URLs com informações detalhadas . Hoje em dia já existem aplicativos gratuitos para celulares que ajudam usuários na leitura destes códigos, como o QR Reader (IOS), QR Droid (Android), entre outros.

Alexandre Frangioni

Obras de arte têm o poder de nos arrebatarem, abrindo as portas de nossa percepção.

Quando uma poesia, um filme, ou um determinado objeto de arte capturam nossa imaginação e nossa alma, deixamos de ser o mesmo indivíduo de antes.

Esta exposição trata poeticamente de três temas centrais: percepção espacial, tempo e memória.

Propõe, dessa forma, um novo espaço, por vezes seja através da luz, seja outras através por meio do tempo. Tempo este, não apenas o tempo cronológico, mas aquele que também conduz direto à memória, . Memória que pode significar tanto a lembrança de uma vida ou um simples momento.

O objetivo está, mas não se esgota, em abrir poros,  para arejar os esses três conceitos principais: espaço, tempo e memória.

O Artista João Carlos de Souza aborda as essas questões através das suas “paisagens construídas”. Um dos questionamentos mais sensíveis do nosso tempo é que já não há mais paisagens naturais. Com a escultura de luz Balançar, o artista nos traz à memória esstes espaços. Também brinca com a paisagem interna do espaço expositivo, que é destacando em uma série de trabalhos construídos com luzes fluorescentes, os espaços do museu. E através de seu olho mágico com a Porta Cora Coralina, através de seu olho mágico, o espectador é levado a um outro lugar.

Alexandre Frangioni nos traz obras menos poéticas, ao primeiro olhar. Propõe a discussão sobre os valores das sociedades contemporâneas, do duro ponto de vista monetário, na forma de acumulação e transformação. Mas, a um olhar mais atento, entre outras obras, Cofres, com por meio da inversão de sua função do guardar e do esconder, e discutindo a real importância do que está protegendo, nos lembra, de forma poética e lúdica, o que verdadeiramente importa. Suas obras situam-nos num lugar entre a infância e a maturidade, em num exercício constante de tempo e memória constante. Aqui, se encontra-se a síntese da poética de seu trabalho.

Dois artistas movidos pela vontade de investigar e experimentar diferentes formas de expressão. Produzem uma arte singular, reconhecível nas diferentes linguagens que exploram. Dois artistas mostrando caminhos à frente de seu tempo.

Adriana Rede
Curadora

Esta série de trabalhos aborda a relação de valores.

O trabalho nasceu quando recebi uma série de cédulas antigas de Cruzeiro, Cruzados e Cruzados Novos, que pertenciam a um amigo acumulador (não apenas de dinheiro, mas de todo tipo de materiais, como jornais, roupas, catálogos, potes…). A princípio, uma das minhas preocupações em relação às novas gerações, era sobre desconhecerem os efeitos causados pela hiperinflação do passado. Ao mesmo tempo, aqueles que a vivenciaram, hoje parecem demonstrar um certo esquecimento sobre o assunto, talvez uma despreocupação em considerar o problema um aprendizado para as gerações atuais e futuras.

Foi pensando nisso que produzi um conjunto de trabalhos utilizando as cédulas e outros materiais relacionados às questões monetárias como matérias primas.

A intenção da série Moeda é justamente a de abordar a relação entre o valor monetário e sua capacidade de se transformar em bens materiais. Isso pode ser percebido quando utilizo as cédulas como suporte na fabricação de objetos de baixo valor (como uma pipa), ou na intervenção (com a palavra NÃO) na própria cédula, com o intuito de modificar o seu valor, ou até acrescentando objetos ordinários (cofres, etiquetadora de preços) que estão diretamente ligados ao valor do próprio dinheiro.

Assim, proponho ao observador uma reflexão sobre as possíveis relações entre os valores históricos e contemporâneos, através dos diferentes tipos de moedas, e sobre as analogias entre os objetos e materiais apresentados nos trabalhos.

Alexandre Frangioni